Confiram no Site do MIX BRASIL, a entrevista com Paulo Daltro a cerca do seu livro de estreia!

28/04/2014 13:13

Paulo Daltro, que agora lança-se como escritor com seu livro de estreia BAIANOS DE TODOS OS SANTOS, cedeu uma entrevista para o site MIX BRASIL: o livro do autor baiano mistura HOMOAFETIVIDADE, crenças RELIGIOSAS e miscigenação CULTURAL.

Confira a entrvista que eu concede para o escritor e blogueiro, do site MIX BRASIL,  Roberto Muniz:

Roberto - Confiram a entrevista que realizei com Paulo Daltro que mora em Dubai, mas é baiano arretado e talentoso. O jovem escritor, estudou artes plásticas e tem formação de ator. Agora lança-se como escritor com seu livro de estreia BAIANOS DE TODOS OS SANTOS.

Roberto - Fale um pouco da sua trajetória artística.

Paulo - Eu sempre fui apaixonado pelas Artes plásticas, cênicas e escritas, por esse motivo, mudei para São Paulo assim que completei 21 anos. Foi em São Paulo que eu comecei a minha trajetória artística. Ingressei na Faculdade Paulista de Artes aos 22, no curso de Licenciatura em Educação Artística com habilitação em Artes Cênicas. Nesse período participei de quatro montagens teatrais, estagiei na Escola de Atores Wolf Maya e dirigi um grupo de núcleo infantil na escola a qual eu lecionava as disciplinas de educação artística, teatro e história da arte. Atualmente eu estou morando em Dubai e sou colaborador internacional para o site O Confessionário. Nesse site eu tenho uma coluna que compartilha a minhas aventuras pelo mundo e curiosidades sobre os países que eu visito. Eu adoro viajar e já estive em pelo menos 16 países e 28 cidades internacionais.

 

Roberto - Como surgiu a ideia dos contos? Há algo de resgate, memórias da infância?

Paulo - A ideia surgiu quando a saudade, da minha terra, bateu - faz dois anos que eu não vejo a minha família e que não faço uma visita a Salvador - por esse motivo, decidi escrever sobre o meu povo, a minha terra e a cultura dessa gente. Essa foi a forma que eu encontrei para amenizar essa saudade, e claro, o resgate das lembranças da minha infância, foram inevitáveis. Por esse motivo, as histórias são bem descritivas das características de Salvador, onde cada conto se passa em diferentes bairros da cidade, mas que ao mesmo tempo, tem coisas profundas sobre o ser humano ali, podendo ser visto através do comportamento das personagens, como a descoberta da sexualidade, os conflitos sociais e familiares. Ha coisas da minha geração, da geração dos meus pais, sim, mas também, há histórias que eu ouvir falar, sonhei e até inventei. Entretanto a ficção vem combinada a situações da vida real, assim pode-se supor que a ficção entra em cena sempre que eu acho necessário apimentar a realidade.

Roberto - Existem personagens que foram retratados no livro de alguma forma vividos ou são tipos criados?

Paulo - Algumas situações vividas pelas personagens, de alguma forma sofreram influências minhas, sim. Não posso negar que tem um pouco de mim ali, como por exemplo, no conto O VIP DA LIBERDADE. Eu já utilizei das artimanhas usada pelo personagem central, para acessar um dos camarotes mais concorridos do carnaval de Salvador e, a descoberta da sexualidade e o amor platônico que o personagem central do conto O MENINO DO RIO, desenvolve pelo seu vizinho. Eu passei pelo mesmo processo de descoberta. Mas, também, tem um pouco da minha visão de mundo e o que eu tenho observado ao longo da vida. Eu sou apaixonado pela subjetividade humana, eu gosto de analisar o comportamento humano, isso é algo que me fascina. Os personagens desse livro tem um comportamento muito humano, que comete erros, que comete acertos. Esses elementos me ajudaram a compor as personagens.

 

Roberto - Qual a influência do panteão de orixás que compõe a cultura baiana?

Paulo - Foi uma mistura de concepções, fundamentos, preceitos, ritualísticas e divindades que se processou num quádruplo aspecto: negro, índio, católico e espírita.

O marco inicial surgiu com a escravatura do índio feita pelos primeiros colonizadores no Brasil. Entretanto, o aborígene pelas suas características de raça, de elemento da terra, conhecedor das matas, espírito guerreiro exaltado - um característica muito forte no Baiano - sem qualquer organização com um rudimento de estrutura social, tendo a liberdade como apanágio de toda sua vida, não aceitou o jugo da escravidão. A influência do índio contribuiu para compor elementos da sua mitologia e cultivos. Ademais, o caboclo, ancestral do índio que incorporava em suas manifestações, foi consolidado na prática.

O colonizador, portanto, foi buscar nas terras africanas o elemento negro, o qual oferecia condições mais favoráveis para os misteres da lavoura, já conhecidos nas regiões de origem. Desse modo, houve um circuito branco-índio-negro que contribuiu sobremaneira para o complexo da formação brasileira, nele ressalvando, como uma constante a religiosidade em vários aspectos. Na época das senzalas, os negros escravos baianos, costumavam incorporar divindades, ou espirito de antigos escravos, que ao se manifestarem, compartilhavam conselhos e consolo aos escravos.

Roberto - O que há do cidadão do mundo Paulo que já viveu em vários países para a construção deste livro?

Paulo - O desejo de liberdade, a necessidade de viver o momento, existe essa urgência, para ser feliz, dentro de mim, eu não gosto de desperdiçar o tempo e essas características são muito fortes nos meu personagens, assim como a fé e a pré-disposição em aceitar novas experiências, sem idealizações morais. Eu sou um desbravador, conhecer culturas é algo que me fascina. Eu gosto de ver como cada cultura se comporta, seja na dança, na música, no sotaque, nos costumes ou na crença.

Roberto - Existe um tom homoafetivo em alguns contos. Há alguma intencionalidade ou propósito, como no conto no conto que trata a relação entre pai e filho?

Paulo - A homossexualidade faz parte da minha vida, não só pelo fato de ser um homossexual, mas porque antes mesmo de compreender o que acontecia comigo, a figura homossexual sempre foi muito presente na minha vida, tenho tios, tias e primos com essa mesma orientação. Na minha consciência, sempre estaremos compartilhando o mesmo ambiente, seja ele profissional, familiar, social, enfim, para mim é muito natural narrar histórias com esse tom homoafetivo. Nós somos muito presentes na sociedade e, assim como os heterossexuais, também somos cheio de conflitos e o universo LGBT é cheio de conflitos inspiradores para construir boas narrativas. No conto "ENTRE O PAI E O FILHO" eu quis narrar uma história de amor proibido, pertinente as estruturas familiares contemporâneas, foi ai que nasceu o romance proibido entre o pai e o filho adotivo. Eu complique o romance porque, apesar de ser uma pessoa romântica, eu tenho a consciência da crueldade humana e o que esse ser é capaz de fazer pelos seus desejos e ambições, porque esses comportamentos são como necessidades fisiológicas, não temos como controlar, quando a questão é sexo e amor. 

Fonte Site Mix Brasil (copiar e colar link): https://mixbrasil.xpg.uol.com.br/blogs/betomundias/baianos-de-todos-os-santos.html

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