Exposição do acervo MASP - Deuses e Madonas – A arte do sagrado
Uma tarde no MASP: o Dubaiano passou a ultima terça-feira devorando todas a informações do acervo, do Museu mais charmoso de SP e pode acreditar; arte não engorda.
Sem sombra de dúvidas a exposição Deuses e Madonas - A arte do sagrado - foi a que me mais me tocou. Impossível não se envolver, sem fazer uma ligação com meu livro de contos, no contato com essa estética! Por isso ela foi a escolhida para ser postada aqui no Blog.
O sagrado é uma categoria da relação entre o ser humano, a vida e o mundo. Que pertence ao campo indizível, aquilo que foge do racional. Em sentido comum expressa um atributo moral traduzido pela idéia do bom e do bem. Mas essa ê uma visão racional do sagrado, como sugere Rodolf Oto, que cunhou o termo numinoso para referir-se ao sagrado descontado seu aspecto moral e, portanto, seu lado racional.
Numinoso é, assim, aquilo que não pode ser traduzido em conceitos, algidez, amplo alcance indo muito além do que é "apenas" moral (os deuses gregos não tinham sempre um comportamento moral, e mesmo no monoteísmo cristão há interpretações divergentes sobre a natureza boa ou má das entidades divinas)
(Bacante Adormecida)
O numinoso não se traduz em palavras - mas pode se manifestar-se em imagens, como na arte. Hegel anotou que não arte "dá vida ao que é meramente sensorial, atribuindo-lhe uma forma que exprime a alma, o sentimento, o espírito". Mas a arte anima também, e torna visível, aquilo que é, mais que sensorial, intuitivo e racional, como o numinoso.
A coleção do MASP reúne obras cujo o tema é o numinoso tanto na versão grega clássica como na manifestação cristã. São dois sistemas de valores destintos, expressos nos pincéis de grandes mestres da arte ocidental. É deles e de sua arte, não do sagrado em si, que trata esta exposição. Durante largo tempo o sagrado foi um tema privilegiado da arte e era o sagrado que interessava, não a arte que o espremia (e que nem arte, no sentido contemporâneo, era). Hoje no museu a situação se inverte e o assunto central é a arte e seu códigos de representação da realidade e do imaginário.
Teixeira Coelho
Denis Moino.
Uma obra-prima de um mestre do Renascimento e uma instalação do artista brasileiro contemporâneo Eder Santos são os destaques de Deuses e Madonas - A Arte do Sagrado. São Jerônimo Penitente no Deserto, que o jovem Andrea Mantegna concluiu em 1451 e foi uma das principais obras na maior retrospectiva do autor, realizada em 2008 em Paris, no Louvre, está de volta ao MASP depois de restaurada pela equipe do museu francês.
E é com essa perspectiva do MASP, vista de outro angalo, que eu finalizo o post. Até a próxima.
Paulo Daltro.