O autor Paulo Daltro supera dificuldades da dislexia e realiza o sonho de publicar dois projetos literários.

08/12/2015 23:27

O distúrbio dificulta aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração. O professor de 31 anos levou cerca de sete anos para lançar o seu primeiro livro.

Se o hábito de escrever um livro exige muita habilidade pelas horas de estudo e pesquisa antes da publicação, para quem se descobre disléxico o caminho pode ser ainda mais dificil. Mesmo assim, o jovem educador artístico Paulo Daltro, de 31 anos, resolveu superar todas as dificuldades colocadas pela dislexia e se tornar um escritor.  "Foi depois do diagnóstico de dislexia que decidi escrever. Porque escrever é aprender duas vezes. Escrever exige mais horas de leitura e escrita. Enquanto escrevemos nos exercitamos e esse exercício é transformador”, diz.

Desleixa

Há muitos anos Daltro vem lutando contra esse transtorno que atinge de 0,5% a 17% da população mundial. Uma patologia que compromete a capacidade de aprender a ler e escrever com correção e fluência e de compreender um texto.  "Eu li uma reportagem no portal G1 em que a psicóloga e psicopedagoga Fátima Cavenaghi dizia que quem tem o distúrbio tem dificuldade com a leitura e a escrita. Dislexia é um distúrbio de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração, explica."

Daltro encontrou dificuldades durante a fase da alfabetização, quando tinha que interpretar um texto escrito, mas só foi diagnosticado aos 26 anos quando recebeu um zero na disciplina Expressão Corporal. "A minha orientadora percebeu que as trocas de letras, inversão, omissão ou acréscimo de letras e sílabas (disgrafia) eram constantes nos diários de bordo que eu escrevia e me chamou para uma conversa".

Nessa mesma reportagem a psicopedagoga Fátima dizia que o diagnóstico na infância é fundamental para o aprendizado da pessoa. "Se o disléxico não for submetido a uma intervenção especializada, ele pode se permanecer analfabeto ou semi-analfabeto, sendo excluído de profissões e vocações que necessitem de uma preparação acadêmica", explicou.

"Quando eu era criança, quando a dislexia de fato era grande, eu sofri muito", relembra o autor. "Mas foi durante o movimento entre o colegial até a faculdade que eu mais sofri porque eu tinha vergonha de escrever e de ler em público."

De acordo com a psicopedagoga, é comum o disléxico ficar frustrado na escola. "O jovem disléxico muitas vezes traz um sentimento construído socialmente de "não leitor ou não escritor ". O pensamento que geralmente ocorre nessa situação é o  "não gosto de escrever, não quero aprender'", diz.

"Quando eu fiz o teste de dislexia pela primeira vez o nível estava bem alto. Mas agora ele caiu para leve. E hoje em dia eu ainda tenho um problema com a parte de escrita e interpretação de texto, mas bem menos do que antes. Acredita que até hoje não sei distinguir o lado esquerdo e direto?! Pois é, sou péssimo para dar informações sobre endereços. Os taxistas sofrem comigo, rs", ressalta.

Superação

Mesmo com as dificuldades, Daltro se formou em Educação Artística com Habilitação em Artes Cênicas, participou de seis montagens teatrais, escreveu um livro chamado "Baianos de todos os santos" e está às vésperas de lançar o seu segundo projeto literário: Um E-BOOK inspirado no seu primeiro livro. "Escrever foi um ato de superação", afirma.

(Noite de lançamento do seu priemeiro livro, Baianos de todos os santos)

"O meu primeiro livro, que foi lançado no final do ano passado, levou sete anos para nascer. Durante o processo criativo fui dominado por uma avalanche de sentimentos entres eles os mais comuns eram: desistir e persistir, predominando sempre o segundo sentimento. Escrever foi a forma que eu encontrei para lutar contra esse transtorno. A noite de lançamento do meu livro foi a experiência mais incrível que já vivi. Eu dizia para mim mesmo, sim eu consegui. E sabe por que? Porque eu tirei da cabeça a palavra medo e me tornei um corajoso. Me concentrei apenas na minha meta, no meu objetivo, no meu sonho e eliminei da equação qualquer sentimento negativo. Porque no final era só eu contra eu mesmo.  De la pra cá não parei mais de escrever e já estou me preaparando para lança o meu segundo projeto. Essa foi a forma que encontrei para vencer as dificuldades impostas pelo transtorno, para me superar", diz.

O autor Paulo Daltro já está no seu segundo projeto e se prepara para lançá-lo no próximo dia 12 de dezembro. E-BOOK “Baiano de todos os Santos”, do professor Paulo Daltro foi inspirado no seu primeiro Livro de contos “Baianos de todos os santos”. Esse será o segundo lançamento virtual (transmitido AO VIVO pelo video call) de um projeto do autor através de um evento criado no FACEBOOK! Durante o evento o autor irá liberar os links das livrarias parceiras para o DOWNLOAD do E-BOOK, através dos catálogos virtuais das editoras. O projeto poderá ser lido em qualquer dispositivo eletrônico tais como computadores, "tablet´s" (iPad, Windows, Kindle, Sansumg Galaxy) e smartphones. O leitor poderá também interagir diretamente com o autor NO DIA DO LANÇAMENTO.

"Infelizmente não se conhece a cura para a dislexia. Além disso, não fiz tratamento necessário que exige a participação de especialistas em várias áreas (pedagogia, fonoaudiologia, psicologia, etc.) que ajuda o portador de dislexia a superar, na medida do possível, o comprometimento no mecanismo da leitura, da expressão escrita ou da matemática. Mas a mãe arte me ajudou muito e continua me ajudndo. Além disso eu pesquisei bastante sobre o assunto, li reportagens com especialistas e apliquei os conselhos dados por eles como: gravar o que está lendo e depois ouvir; sublinhar as palavras; reescrever textos; fazer esquemas mentais e tentar organizar o pensamento."

Para auxiliar na revisão nos seus projetos literários, Daltro contou com revisão de duas editoras. "As maiores dificuldades que eu ainda tenho para escrever e ler é a concentração, ortografia, a acentuação e as vezes a organização", explica. Por esse motivo, o professor trabalhou em conjunto com dois profissionais. Nessa mesma matéria, no G1 uma professora de redação chamada Mônica Arouca, que atende entre os seus estudante, pessoas com dislexia, dizia que: "para auxiliar no aprendizado e enfrentar o problema, é necessário o portador fazer um acompanhamento com fonoaudiólogo, psicopedagogo e com um professor que trabalhe com sons". Segundo ela, o estudante disléxico é sinestésico, por isso o tipo de ensino é diferente. "Ele precisa entender o som, sentir a palavra. Quando ele passa o dedo sobre a mesa de estudos e 'desenha' a palavra, ele vai se lembrar como é o certo. Ele precisa sentir, porque o aluno disléxico é sinestésico", explica. Já a psicopedagoga dizia que os disléxicos têm um grande potencial: "Apesar de todas as dificuldades descritas anteriormente, o disléxico, diferente de muitos distúrbios de aprendizagem, possuem estatisticamente um QI normal ou acima da média."

Informação

"Eu acredito que existe pouca informação sobre o assunto. A ultima vez que eu vi um mobilização sobre o assunto, nas midias e veiculos de comunicação sobre o assunto, foi em outubro de 2012 quando as redes sociais foram tomadas de tal força por posts de celebridades que aderiram à campanha "EU POSSO", depois que Gilberto Gil, Sabrina Sato, Malu Mader e tantos outros posaram com a camiseta da campanha. 

A campanha "Eu Posso", do Instituto ABCD, tem  a intenção de conscientizar pais, professores e governo sobre a necessidade de adaptar a metodologia em sala de aula para ajudar os disléxicos a superar os desafios do transtorno. "Mas essa mesma força eu não vi se repetir em 2013, 2014 e 2015. Eu achei essa ação super positiva porque as pessoas passaram discutir mais sobre esse transtorno." 

Sobre a campanha

O instituto foi fundado em 2009 pelo empresário Patrice de Camaret, que teve um filho diagnosticado com dislexia e decidiu levá-lo para a Inglaterra em busca de soluções de ensino adaptadas à condição da criança. Desde então, ele vem se dedicando a melhorar a abordagem do transtorno nas salas de aula do Brasil. Durante toda a Semana da Dislexia a entidade promove ações nesse sentido em todo o país. 

   ( Malu Mader)

    (Gilberto Gil)

    (Sabrina Sato)

     (Taís Araújo)

"Fica aqui o meu apelo para que essa campanha continue todos os anos. Quanto mais informação sobre o assunto, mais crianças poderão ser diagnosticadas precocemente. E não se esqueça: SE EU POSSO, qualquer pessoa pode", finaliza. 

 

Fontes: Compilação de textos (livros e internet) - psicóloga e psicopedagoga Fátima Cavenaghi, professora de redação Mônica Arouca e a jornalista Jenifer Carpani. 



 

 

Contato

DuBaiano (11) 98260-7622 Dubaiano@Icloud.com